🌪️ Transtornos Neurobiológicos e Emoções: uma escuta além do diagnóstico
- Danielle Conceição
- 26 de mai.
- 3 min de leitura
Vivemos uma era de rótulos. Crianças agitadas são "hiperativas". As mais quietas, "no espectro". As intensas, "ansiosas". Mas será que estamos mesmo escutando o que o comportamento quer nos contar?

Quando falamos de transtornos neurobiológicos, falamos de condições que afetam o desenvolvimento neurológico e o funcionamento emocional, comportamental e cognitivo. Não são birras, manias ou falta de limites. São formas diferentes de perceber, sentir e reagir ao mundo.
Hoje quero te convidar a mergulhar em 5 desses transtornos, com olhos mais humanos do que técnicos — e coração mais aberto do que julgador.
🔷 1. TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade
O famoso "não para quieto". Mas vai muito além disso.
Principais características:
Dificuldade de atenção sustentada
Impulsividade
Hiperatividade motora e/ou mental
Emoções envolvidas:Frustração, baixa autoestima, ansiedade de desempenho, culpa por não “conseguir como os outros”.
O que a criança sente:"Minha mente corre mais rápido que o mundo. Eu tento, mas parece que sempre falho."
Acolhimento necessário:Rotina clara, reforço positivo, pausas frequentes, e muito acolhimento emocional. A criança com TDAH precisa ser lembrada de que ela é mais do que os erros que comete.
🔷 2. TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada
A mente que não desliga.A criança que se preocupa com tudo: se vai chover, se a mãe vai buscá-la, se vai errar na prova.
Principais características:
Preocupação excessiva
Dificuldade para relaxar
Pensamento catastrófico
Emoções envolvidas:Medo, insegurança, antecipação de falhas, tensão constante.
O que a criança sente:"Eu preciso estar atenta a tudo o tempo todo. Se eu não controlar, algo ruim pode acontecer."
Acolhimento necessário:Técnicas de respiração, escuta validante, previsibilidade no dia a dia, e ensinar que errar não é o fim do mundo.
🔷 3. TEA – Transtorno do Espectro Autista
Não é ausência de afeto. É outro jeito de expressar amor.
Principais características:
Dificuldades de comunicação e interação social
Interesses restritos e comportamentos repetitivos
Hipersensibilidades sensoriais
Emoções envolvidas:Sobrecarga, confusão, isolamento, necessidade de segurança.
O que a criança sente:"O mundo é alto, rápido e me invade. Preciso de tempo e espaço para existir."
Acolhimento necessário:Ambiente adaptado, respeito ao tempo e aos interesses da criança, comunicação clara e empática, e foco no que ela pode, não no que "falta".
🔷 4. TOD – Transtorno Opositivo-Desafiador
A criança que “bate de frente”. Mas por quê?
Principais características:
Comportamento desafiador e provocador
Recusa em obedecer regras
Raiva frequente e impulsiva
Emoções envolvidas:Sensação de injustiça, raiva acumulada, necessidade de controle.
O que a criança sente:"Eu não sou ouvido. Então eu grito com o mundo."
Acolhimento necessário:Límites firmes com afeto, escuta ativa, reforço da autonomia e apoio para nomear emoções. Não é castigo que resolve: é conexão.
🔷 5. TOC – Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Não é “mania de limpeza” ou "ritual bobo". É angústia intensa.
Principais características:
Pensamentos obsessivos (que não somem)
Comportamentos compulsivos (repetitivos e ritualísticos)
Alto grau de ansiedade quando impedido de realizar o ritual
Emoções envolvidas:Medo de perder o controle, angústia, vergonha dos rituais, culpa.
O que a criança sente:"Se eu não fizer isso exatamente desse jeito, algo ruim vai acontecer."
Acolhimento necessário:Psicoeducação, abordagem terapêutica gradual, paciência e suporte emocional. O TOC dói — e precisa de mais cuidado do que correção.
🧩 E as emoções em tudo isso?
Toda criança com um transtorno neurobiológico vive num corpo que sente demais. Seja hiperativo, retraído, irritado ou ansioso, o comportamento é só a ponta do iceberg.A emoção vem antes. O medo, a raiva, a frustração, a vergonha... estão ali, camuflados.
Mais do que terapeutas, precisamos ser tradutores.Mais do que diagnósticos, precisamos de encontros.
🌱 Finalizando…
Nenhuma criança é só o seu transtorno. Ela é desejo, potência, afeto. Ela tem direito à sua singularidade, e ao mesmo tempo, ao suporte necessário para viver com menos dor e mais presença.
Acolher não é passar a mão na cabeça.É abrir espaço para o outro existir — com limites, sim, mas com muito amor.
Se você é mãe, pai, educador ou terapeuta, e está no caminho de entender melhor esses pequenos mundos internos, esse artigo é pra você. Que ele te abrace tanto quanto pretende acolher.
Com afeto, Dani. 🌻
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